segunda-feira, 8 de abril de 2013

Para Lu Cavichioli



Drummond revisitado

- Uma análise da interpretação do Conto “A Morte de D.J. em Paris”-

A interessante série “Um Sonho em Paris”, de autoria da escritora Lu Cavichioli, em que a autora faz uma releitura da obra “A Morte de D.J. em Paris” do escritor mineiro Roberto Drummond é digna de uma análise acurada e séria.
A autora Lu Cavichioli possui seu estilo literário próprio de narrar e foge inteiramente às inovações estilísticas e de linguagem do escritor revisitado. Assim como sua narrativa, Lu Cavichioli encanta com sua linguagem próxima do “pop”, onde relata a busca da mulher diáfana e azul, em que se desencadeia o principal elemento do conto: o sonho.
A personagem principal da série “Um Sonho em Paris”, G. Apolinário, sobrevive porque seu sonho a alimenta! E assim alimentada, porém perdida, aturdida e atormentada, realiza todo um percurso de busca de sua “femme blue” em meio à selva iluminada de uma metrópole chamada Paris.  G. Apolinário consegue, porque sonha, transformar o sótão do sobrado em que vive, numa “Paris imersa em tons de azul”!
Exatamente como no renomado conto de Roberto Drummond, Lu Cavichioli consegue fazer o leitor entrever o que a Cidade-Luz representa para o professor de Literatura e Francês: o Paraíso. E é dentro desse paraíso que G. Apolinário vai buscar a sua “femme blue”, seu protótipo da mulher ideal.
Essa linha agradável do fantástico atrai sensivelmente o leitor e o convida a indagações sobre a verdadeira identidade do professor de Francês que, após anos de passividade e anulação, oscila entre a realidade e a fantasia que alimenta.
Lu Cavichioli, ao revisitar “A Morte de D.J. em Paris" narra ainda, em clima de quase delírio, a declaração de amor de G. Apolinário pelo Brasil e introduzindo elementos  como as cartas, escritas e deixadas por ele, faz mais que introduzir um signo de verossimilhança na sua história: conferiu-lhe ares de glamour, suspense e veracidade.
Alguns críticos literários são adeptos do fato de que há certa dificuldade em se revisitar um autor consagrado, como é o caso de Roberto Drummond. Porém, há aqueles que defendem e ressaltam o potencial do escritor que revisita. No caso de Lu Cavichioli, a série “Um Sonho em Paris” é exclusivamente sua, única, com seus traços estilísticos peculiares, e com linguagem própria, revelando suas qualidades artísticas ao sabor da pena... Nada há de afetado em sua série! A autora apenas toma emprestados de Drummond personagens e cenários, e vai brincar com eles, desfechando com maestria a história do atormentado professor de Francês que amou sua “femme blue” e viveu para encontrá-la.
O leitor é conduzido pela história e instigado até mesmo a duvidar da morte de G. Apolinário, quando Lu Cavichioli afirma: “desaparecido ou possivelmente morto”, para, em seguida, anunciar a trágica revelação. Sim, Apolinário, atormentado professor de Francês, para dor de Alinne, sua noiva, está morto e morto com ele seu sonho, sua Sue Azul, sua “femme blue”, seu grande e único amor!
E, lá no infinito Azul de seus sonhos, após um destino dignamente concedido pela autora, para colocar um fim em seu tormento, G. Apolinário espera finalmente encontrá-la, a dona de sua vida, a dona dos sapatos musicais.
Apenas uma única e cruel certeza reina agora: Alline perdera estupidamente seu noivo para a diáfana  - e real -  mulher azul...e que viveu tão-somente naquele sótão, na imaginação e no coração de G. Apolinário. Que descanse em paz!

Fim
Graça Lacerda
De 6 de Abril - outono de 2013

Conheça o blog da LU:
http://clubedeparis.blogspot.com.br/


2 comentários:

☆Lu Cavichioli disse...

Aii meu sais miga, vc publicou aqui? Mas tinha mesmo que publicar porque a análise está de tirar o chapéu e aplaudir de pé.

Eu só tenho que lhe agradecer e dizer que você me deixou muito feliz e emocionada.

Miga você entrou fundo na história e captou todas as mensagens do sub-texto. Mas nem poderia ser diferente, posto que és mestra em Literatura.

Fico-lhe mais que grata por esse presente.

Obrigada por citar o Clube de Paris.


bacios emocionados
Lu C.

Graça Lacerda disse...

Oi, LU!

Na verdade, amiga, eu publiquei aqui como uma forma de você ver que já estava pronta a análise, e tb porque os Botões andam tão esquecidos ultimamente, (coitados!) que duvido se alguém iria aparecer por aqui antes de ti..rs
Claro que torci muito para que isto acontecesse!kkkkkkk
E deu certo!

***Vc percebeu que fiz a chamada "Para Lu Cavichioli"?

Beijos,
Que bom que gostou!E que veio depressa!